Líder liberal europeu afirma que a Comissão Juncker "tem de ser ambiciosa por causa da crise"

Numa intervenção no 35.º Congresso dos liberais, em Lisboa, o presidente do seu grupo no Parlamento Europeu pediu iniciativa e ambição a Jean-Claude Juncker.
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"A Comissão de Jean-Claude Juncker, que apoiamos, tem de ter mais ambição" por causa da dimensão da crise que continua atingir a Europa, "não deve ser como a Comissão Barroso", afirmou o presidente do grupo de deputados da Aliança dos Liberais e Democratas Europeus (ALDE), Guy Verhofstadt, formação cujo 35.º Congresso decorre até amanhã em Lisboa.

Para o líder dos eurodeputados da ALDE, a Comissão Juncker, que integra cinco comissários desta família política europeia, é fundamental que esta prossiga uma estratégia de apoio ao "investimento privado" - "há muito dinheiro de particulares que não é usado de forma produtiva" - e incentive "reduções fiscais para as famílias de menos recursos e para pequenas e médias empresas".

O fundamental é "mais investimento privado, não o aumento da despesa pública e dos défices", como argumentam os socialistas, prosseguiu Verhofstadt, indicando ser prioritário "unificar e liberalizar o mercado nas áreas do futuro", como a economia digital, as energias não poluentes e também o mercado dos capitais. "Investimento e disciplina fiscal não são antagónicos", pensa o dirigente liberal democrata.

Tendo lançado várias farpas a José Manuel Durão Barroso, e à comissão por este presidida, que, de forma implícita, referiu não ter estado à altura da crise, Verhofstadt recordou que foram os liberais "os primeiros a ver a dimensão da crise" e a chamar a atenção para isso, afirmando hoje, no Centro de Congressos de Lisboa, que uma das componentes para a sua ultrapassagem passa "por mais integração europeia, e não menos". O futuro "não está nas opções protecionistas, populistas" e eurocéticas", às quais não poupou críticas.

A intervenção de Verhofstadt terminou a primeira sessão do 35.º Congresso da ALDE, que admitiu hoje como membro pleno o Movimento Partido da Terra, dirigido por John Rosas Baker, que proferiu uma breve intervenção na reunião, indicando como prioridade do partido a necessidade de "lançar as sementes do liberalismo em Portugal".

Na mesma sessão falou ainda Margrethe Vestager, a nova comissária para a Concorrência, defendeu a necessidade de se "prestar atenção às pessoas como tal e não apenas como eleitores", entendendo que as políticas a prosseguir no momento presente devem apontar "à criação de emprego, à credibilidade fiscal e a políticas de investimento" credíveis, de forma a recuperar-se a confiança dos europeus no projeto da UE.

Outra intervenção coube ao primeiro-ministro do Luxemburgo, Xavier Bettel, que defendeu não ser possível "pensar a Europa sem os valores liberais" e que as "novas circunstâncias" que se vivem no continente, que vão das questões de segurança à crise e ameaças de conflito na periferia da UE, como a guerra na Ucrânia, "exigem novas respostas" e uma "Europa forte, com os liberais".

A alocução inicial coube ao presidente da ALDE, o escocês Graham Watson, que chamou a atenção para o risco dos movimentos "proto-fascistas" que estão a desenvolver-se na Europa e para o fracasso dos governos socialista em França e conservador em Espanha. "Em França, a palavra reforma deixou de constar no léxico dos socialistas, enquanto em Espanha a corrupção é regra e escreve-se com os dois PP do Partido Popular".

A reunião dos liberais e democratas europeus prossegue durante a tarde e finda amanhã.

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